domingo, 23 de outubro de 2011

Sobre o Despertar

A criança acordar. Acordar sempre foi uma obrigação. Uma medida de desespero pela ausência. Dormir sempre significou morrer. A criança imaginava que o mundo caminhava com duas dimensões. A da noite e a do dia. Na da noite, ela não existia. Pessoas agiam em sua casa, que mudava de forma e personagens e ela se tornava invisível. Na verdade, imaginar isso a confortava. Dava segurança. Se contorcia na cama, eufórica com a imaginação. Com a proteção da invisibilidade. Estar ausente era divertido. Imaginar, pelo menos. Imaginar a ausência.

E por que raios acordava cedo? A criança não esperava os olhos se acostumarem com o pouco de claridade que existia. Acordar era uma ordem! Chega de ausência! Na verdade, a imaginação tinha a traído. Sempre. Ela desejava ser invisível, não morrer. Dormir era morrer. Não existir. Tinha perdido muito...

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